ELDO POP (Hard & Prog Rock)

1973  -  Setembro/1978  (Rio de Janeiro - RJ)

 

 

Uma rádio que, se voltasse ao ar hoje, tocando as mesmas músicas de 50 anos atrás, ainda estaria 100 anos na frente das outras.


 
       

CURIOSIDADES SOBRE A ELDOPOP E SEUS OUVINTES

 

Ao longo dos anos de pesquisa sobre a Eldopop, fiquei sabendo de muitos "causos" sobre o (sub)mundo da rádio. Se são verdadeiros, ou devaneios da velharia do R&R, não sei; mas, para que não caiam no esquecimento, estão sendo publicados nesta seção da página. Aqui, podemos vislumbrar a sofrida jornada dos órfãos da Eldopop, seus percalços e seus "micos". Novas curiosidades, que forem relatadas no Livro de Visitas, serão incluídas abaixo.

Os textos em formatação itálica foram reproduzidos conforme descritos pelos ouvintes.

 


 

Em 1976 ou 77, após muita insistência, consegui ganhar de presente um radinho de pilha com FM. Usando um "egoísta", passei a andar e dormir com ele, 100% do tempo sintonizado na eldo. Certa noite, acordei com o egoísta tocando uma música inédita para mim e ela me impressionou tanto que o sono passou e fiquei ouvindo-a atentamente, até o final (era um progressivo longo, lado inteiro do LP). Desde então, tentava gravá-la durante o dia, sem sucesso.

Tempos depois, novamente a ouvi à noite, no radinho de pilha, e pulei da cama para gravá-la; mas, infelizmente não havia fitas virgens em casa. No dia seguinte, montei uma operação de guerra para tentar gravar aquela música à noite, pois nunca a ouvia durante o dia, e a tal operação perdurou até o fim da eldo. Uma das minhas maiores tristezas, quando a rádio acabou, foi não ter conseguido gravar aquela música, pois achei que nunca mais a ouviria. Apesar de desconhecer os nomes das minhas favoritas, todas estavam registradas em fita, exceto ela...

Pois bem. Após o final da eldo, durante uma audição do programa "madrugada 98", na rádio idem, ao terminar uma sequência, imediatamente liberei a pausa do tape deck e iniciei a gravação da seguinte, sem saber o que viria. De repente, dei um salto da cadeira, pois estava começando a tocar exatamente "aquela" música. Com grande expectativa, aguardei a identificação dela. Não me decepcionei, já que logo depois ouvi a voz nitidamente gravada sobre a música (não era voz ao vivo): "Nektar, Recycled". Tocou todo o lado do LP, exatamente como na eldo (lado 1, descobri muitos anos depois), e a fita não acabou durante a gravação, como muitas vezes ocorria...


 

 

Cresci em Itatiaia/RJ, próximo ao Parque Nacional de Itatiaia, numa velha casa cercada de verde, sem muros, no alto da serra, com muitos morros, montanhas e muita natureza. Apesar da vida difícil na infância e adolescência, tive o privilégio de conhecer e ouvir a Eldo Pop, lá pelos idos dos anos 70. Eu e meu irmão tínhamos um pequeno rádio Philco e, para chegar à cidade de Itatiaia, tínhamos que descer por uma estrada de terra, alcançando o asfalto após uma caminhada de 2 quilômetros e pouco. Era esse o cenário das músicas mais maravilhosas que ouvíamos no pequeno rádio. E assim íamos, descendo a estrada, ouvindo a Eldo Pop. No retorno para casa, às vezes às altas horas da noite (éramos jovens e tínhamos nossas baladas), sob o céu espantosamente estrelado, recolhíamos o radinho que ficara escondido num saco plástico atrás d'alguma pedra ou árvore, e subíamos felizes pela mesma estrada, ouvindo a Eldo Pop.

 

 

Naquela época, no meio da festa de 15 anos de minha irmã, já cansado de ouvir disco-music por horas seguidas, resolvi impor meu status de dono do som (um poderoso conjunto Zenith, de 20W por canal, e toca-discos com cápsula cerâmica). Apesar dos protestos da aniversariante, destronei o DJ, assumi o posto e comecei a colocar músicas da Eldopop. Já me imaginava sendo ovacionado, carregado em triunfo e aclamado como um novo mago das festinhas. Na verdade, naquela noite percebi que não apenas a irmã detestava (Prog) Rock; a mesma aversão tinham os outros fãs de Bee Gees, Donna Summer, etc. A turma dos embalos de sábado à noite só se animava um pouco quando tocavam músicas dançantes do Kraftwerk. Depois daquele fiasco, nunca consegui "bicos" como disc-jockey e a irmã ficou semanas sem falar comigo...

 

 

A ELDORADO algumas vezes transmitia corridas de Fórmula 1, pois lembro perfeitamente de ter escutado a corrida em que Emerson Fittipaldi conquistou o seu primeiro título na F1. Inclusive um dos feras da Eldorado tem um encarte de jornal da época, com o aviso da corrida (me parece que foi o GP de Mônaco).

 

 

Lembro de uma vez ter ligado para a rádio 98 e pedido para tocarem sequências da Eldopop. A resposta foi singular.... "DOIDERA É SÓ DE MADRUGADA, GAROTÃO".

 

 

Quando chegava em casa, a primeira coisa que fazia ao entrar em meu quarto era ligar um receiver da Grundig que já se encontrava sintonizado na rádio. Qual foi minha surpresa quando um belo dia - em 1978 depois que saí do exército e comecei a trabalhar - fui ligar para ouvir a rádio e... cadê?? nada?? Bem, pensei, a rádio de vez em quando sai do ar, deve ter acontecido isso.... nada!!! Depois ouvi o tal locutor falando muita besteira e entrei em desespero, bati no aparelho, esmurrei mesmo achando que era defeito.... nada..... Descobri que a minha adorada ELDO POP tinha falecido e dado lugar à rádio 98...

 

 

Visitei com um amigo o estúdio da eldopop no prédio da rádio globo, na rua do russel. Cheguei a ter os grandes rolos de fitas nas mãos. O equipamento que os tocava parecia com aqueles computadores do início da informática, caixas altas finas de metal onde se colocavam os rolos (lembravam "perdidos no espaço" e "túnel do tempo"). Eles usavam também cartuchos de músicas em outro equipamento específico, que eram pequenas caixas plásticas com apenas uma música, talvez as viajantes, que eram encaixadas no equipamento e depois ejetadas.

OBS.: Ainda sobre a "alta tecnologia eldo", uma vez me disseram que pedaços de fitas, com músicas individuais, eram unidos por cola, para fazer as sequências (exceto quando havia mixagem entre as músicas; nestes casos, um arcaico mixer executava a missão).
 

 

Me lembro que nas épocas áureas eu tinha um sintonizador Philips RH-786 ou algo assim. Ele tinha "memória" mecânica para 3 estações (uma, claro, todos sabem). Na época havia apenas 2 estações FM, acho que era a Globo ou a Tupi e a Eldopop, de modo que ficava "sobrando" um botão. O gravador eu tenho até vergonha de falar, primeiro era um Panasonic desses "portáteis", depois um tape deck CCE ("Comecei Comprando Errado" ou "Companhia de Componentes Estragados") que não apagava as fitas de cromo, ficava a música ao fundo, que a garantia não resolveu... mas o preço ficava dentro da economia da mesada. Sonho de consumo mesmo eram os inatingíveis Akai 4000DS de rolo.

 

 

Estava ouvindo músicas da Eldo no apto (2º andar), em alto volume como sempre e de repente escutei um grito vindo lá de fora: "Alô, eldopop!". Olhei pela janela e vi, na calçada em frente ao prédio, um quarentão com as mãos na cabeça, olhando para cima com os olhos arregalados. Freneticamente, ele perguntou: "Pelamordideus, que música é essa??!!".

 

 

A música Stargazer do Rainbow tem duração de 8:27 e a gravação que eu tenho da Eldopop tem duração de 9:01. Dá para notar nitidamente a diferença, que é de uns 7% mais ou menos. Inicialmente eu pensei que tinha sido problema do gravador, mas se o motor estivesse lento, o efeito seria contrário. A versão da Eldopop tinha sido gravada com o pitch errado.

 

 

Alguns ouvintes têm vergonha do equipamento que possuíam naquela época, mas acho que o meu era um dos piores: um rádio-gravador Aiko, monofônico e sem tecla de pausa. Devido à falta desta insignificante função (segundo o fabricante do aparelho), as gravações iniciavam imediatamente, ao pressionar as teclas "play" + "rec", e tinham que ser finalizadas pela "stop". O resultado é que, nas minhas fitas eldo, as músicas/sequências começam com um sonoro "CATAPUM!!!" e terminam com um não menos sonoro "CATAPIMBA!!!". Ganhei de presente um tape deck em agosto de 78 (CCE sim, mas pelo menos um pouquinho melhor do que o velho Aiko), economizei a mesada para poder comprar fitas cromo e pensei, todo feliz: "agora vou regravar tudo, com qualidade". Um mês depois, a rádio naufragou...

 

 

Em uma de minhas poucas visitas ao "point da música", lá na Cinelândia, centro do Rio, vi um respeitável homem de negócios, de terno e maleta 007, conversando com um dos vendedores ambulantes da área. Repentinamente, o engravatado largou a maleta no chão e, empunhando uma guitarra imaginária, emitiu alguns ruídos vocais, imitando um solo daquele instrumento; depois, cantou (ou desafinou) parte da música, tudo isto diante de um impassível e atento vendedor. Após a cena inusitada, este balançou a cabeça para os lados e o executivo pegou a pasta e foi embora, cabisbaixo...

OBS.: Presenciei performance semelhante, porém mais versátil, no primeiro encontro de ex-ouvintes da eldo do qual participei. Na ocasião, o bom e velho rock & roll rolava direto e um dos participantes não só empunhou uma guitarra imaginária, mas também dedilhou um teclado de mentirinha e, não satisfeito, ainda atacou de baterista faz-de-conta.

 

 

Ouvi muito a rádio entre 1977-78. Eu vivi a decepção de ligar o rádio um dia de manhã e não entrar a programação. Continuei sintonizado até que por volta das 11h entrou uma música que não tinha nada a ver com a Eldo, ou seja, era a programação da 98 entrando no ar...

 

 

No início de uma música que gravei na madrugada 98, a voz de um hoje conhecido apresentador de telejornal anuncia: "Rádio 98, primeiro FM estéreo jovem". E a Eldopop, era o quê? Primeiro FM estéreo velho??

 

 

Segundo um mineiro da cidade de Juiz de Fora, ele e alguns amigos conheceram a eldo sem vir ao Rio e ouviam a rádio subindo até o topo de um morro, perto de suas casas.

 

 

Um colaborador antigo diz ter visto, lá pelos idos de 75, um armário cheio de LPs pertencentes à eldo, já que estariam carimbados com o nome da rádio, em tinta vermelha. Ele descreveu detalhes do carimbo e foi a partir daquela descrição que a primeira logomarca desta página foi criada, no final de 2004. Recentemente, alguém levantou a suspeita de que, antes de começarem a colar etiquetas nos LPs (como pode ser visto na seção "Rótulos de discos"), eles eram carimbados.

 

 

O colaborador acima mencionado também afirma que ligou várias vezes para a eldo, para perguntar o nome de alguma música, e nunca recebeu a informação desejada. Segundo ele, inclusive uma vez o atendente/programador zombou de seu desespero, dizendo que havia um caderno com a lista de todas as músicas que tocavam, mas que não iam passar aquelas informações para ninguém e fim de papo. Contudo, outro ouvinte diz que algumas vezes ligou para lá com o mesmo objetivo, sempre foi bem atendido e lhe informavam os nomes das músicas.

 

 

Os primeiros membros do grupo eldo/yahoo já mantinham contato entre si, antes da criação do mesmo (início de 2005). Quando o primeiro ouvinte desconhecido pediu para ser admitido, começou a discussão, através de mensagens lá postadas, sobre as regras que deveriam ser usadas, para a admissão de novos membros. As sugestões foram muitas e, algumas, absurdas. Uns, sugeriram questionários para avaliar os conhecimentos musicais do pretendente, tanto os genéricos, quanto os especificamente eldo; outros, sugeriram provas mais duras e humilhantes. A ironia do caso: o criador do grupo, ainda inexperiente no assunto, esqueceu de configurar a opção de mensagens visíveis apenas depois do "log in"; então, tanto o angustiado pretendente, quanto qualquer pessoa que acessasse a página do grupo, podia ler todas as mensagens postadas...